Arrancaram ontem os supostos debates políticos na corrida para as legislativas 2024. Escrevo supostos porque os mesmos tiveram duração de apenas 30 minutos, algo como 13 minutos para cada candidato dar a conhecer e explicar as suas propostas para o país.

Se no dia 6 de novembro de 1975 o debate entre Mário Soares e Álvaro Cunhal ocorrera interruptamente durante quase 4 horas, em 2024 os debates possuem 30 minutos de duração. Ridículo ao que chegou a política portuguesa, ridículo ao que chegou a televisão portuguesa. Eu questiono-me em 30 minutos que conclusão é que os portugueses retiram de um candidato? Como esse candidato com apenas 13 minutos de antena consegue explicar as suas propostas? Está tudo errado!

Um bom exemplo disso foi o debate do Pedro Nuno Santos contra Rui Rocha. Como um liberal com uma visão económica totalmente oposta aquilo que vivenciamos desde o 25 de abril, consegue explicar a sua visão, as suas propostas em 5 minutos dedicados ao tema? É inconcebível!

A política tem de fazer melhor, os órgãos de comunicação têm de fazer melhor, todos têm de fazer melhor ou chegaremos assistir aquilo que prometemos nunca mais repetir na história. 

O futuro revela-se preocupante, Portugal está um país cansado, ultrapassado, nada funciona. 

Resta uma certeza, somos, fomos e sempre seremos um país atrasado.

A primeira loja maçónica em Portugal abriu no ano de 1727, pelas mãos de um inglês. Todavia, só anos mais tarde a maçonaria portuguesa ganhou protagonismo, o que aconteceu no século XIX, com a criação do Grande Oriente Lusitano, onde começaram a agregar-se republicanos, laicos e socialistas.

A maçonaria tem como objetivo melhorar e evoluir a sociedade a partir dos seus valores, liberdade, igualdade, fraternidade, valores esses que são os mesmos utilizados na revolução francesa. Para alguém ingressar na maçonaria tem de ser convidado, a pessoa que o convida vê no outro um homem livre e de bons costumes.

Nos últimos anos e graças ao estado novo que proibiu a existência da maçonaria em solo português, a popularidade, integridade e até mesmo os seus valores são constantemente postos em causa, pela comunicação social. Vários jornalistas escrevem sobre o tráfico de influências que ocorrem em vária lojas, mas a verdade é que isso nunca foi provado, a maçonaria resolve os seus problemas internos com descrição e secretismo, de modo que nós não pertencentes à organização não saibamos o que realmente acontece.

Devido ao desconhecimento, muitas pessoas afirmam que a maçonaria é uma elite de políticos. Não é verdade, sempre existiram políticos de grande peso ligados à maçonaria, mas não só. Nomes como Mário Soares (em França), Nicolau Brayner, Raul Solnado, Guilherme Leite, Henrique Tigo, António Arnaud são apenas algumas pessoas sabidas a sua ligação com a maçonaria.

As obras e lutas dos maçons em Portugal refletem-se na instauração da república, combate ao estado novo, criação do SNS, etc... Perante isto tudo, por que tanto ódio contra uma organização que esteve presente em eventos tão importantes para Portugal? 

Um livro de Giuliano da Empoli, consultor político de origem italiana e suíça. Licenciado de direito com Mestrado em Ciências Políticas, foi na política italiana que se instalou, teve cargos como conselheiro principal do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, tendo sido também conselheiro sénior do vice-primeiro-ministro e ministro da Cultura de Itália Francesco Rutelli, entre outros.

Em 2023 lança um livro de nome "Os Engenheiros do Caos" que analisa o background e o crescimento interrupto dos partidos e políticos populistas na Europa e América. O livro está dividido em 6 capítulos, onde estão retratadas histórias diferentes sobre políticos diferentes, mas sempre com o mesmo objetivo, explicar o funcionamento do populismo. Políticos como Donald Trump, Jair Bolsonaro, Matteo Salvini e o partido Movimento 5 Estrelas são alguns dos nomes referenciados.

O livro explica muito bem o perigo da ‘internet’ e como um partido consegue reunir milhares de apoiantes utilizando apenas Fake news, mas não só, por exemplo, o Movimento 5 Estrelas não possui ideologia, ou seja, utiliza empresas consultoras para perceber qual é a opinião da maior parte do eleitorado e assim aglomerar mais apoiantes, apenas lhes interessa saber o que as pessoas querem. Estas ações têm sempre um "engenheiro" por de trás, um homem que apenas tem uma função, colocar o seu cliente no poder e até isso acontecer vale tudo!

O livro é genial e de leitura necessária, principalmente neste tempo de eleições. Aconselho que comprem!